Jornalismo móvel, ou mobile journalism (Mojo) como dizem os gringos, é o procedimento de produzir notas, notícias, reportagens e outros conteúdos jornalísticos utilizando para isso apenas dispositivos móveis como smartphones e tablets. O jornalista entrevista, documenta e pesquisa; faz vídeos, áudios e textos; realiza checagem, edição, publicação e distribuição de matérias a partir de qualquer lugar com acesso à internet, com agilidade e autonomia, sem precisar de estúdio ou equipamentos sofisticados.
Neste artigo do Jornalismo Pro, você ficará por dentro das principais ferramentas do Mojo, descobrirá alguns cursos livres sobre o tema e conhecerá jornalistas que já fazem sucesso neste ramo da comunicação social. Acompanhe.
Índice
Exemplos de jornalistas que fazem reportagens via mobile
Vamos começar pelo que interessa. O que tem de novo na área? Quem já está fazendo sucesso com jornalismo móvel? Sophia Smith Galer recentemente publicou no blog da International Journalists’ Network (IJnet) o artigo “Eu viralizei no TikTok fazendo jornalismo — saiba como fazer também“, que pelo título já entrega o conteúdo. Ela, que já atuou como produtora de mídia social e jornalista na BBC, revela que desafiou o ceticismo das redações tradicionais ao utilizar o TikTok como plataforma de publicação e veiculação jornalística.
De acordo com Sophia, ela era desencorajada por editores da BBC a usar o TikTok. No entanto, ao persistir na criação de vídeos informativos e acessíveis sobre justiça social e atualidades, seu número de seguidores passou para mais de 100 mil nos primeiros anos até atingir os mais de 560 mil atuais. Ela produz vídeos curtos com cortes rápidos e zooms bruscos em tom de conversa. Publica de uma a duas vezes por dia e recebe uma média de 60 mil visualizações por vídeo.
Para ajudar outros jornalistas a fazerem o mesmo ela fornece, na loja de aplicativos do iPhone, o app Sophiana, que utiliza inteligência artificial para guiar os produtores de conteúdo na criação de roteiros adaptados para plataformas como TikTok, Instagram, Youtube e Linkedin. O app tem um teleprompter para auxiliar na gravação.
Outro adepto do jornalismo móvel é o sul-africano Yusuf Omar, que atua neste ramo desde 2010. Ele e Sumaya Omar fundaram a rede HashtagOurStories, cujos jornalistas móveis associados produzem matérias jornalísticas ao redor do mundo e as compartilham em redes sociais como o Instagram, Snapchat e Twitter, por exemplo, usando smartphone. Posteriormente, a HashtagOurStories evoluiu para Seen, uma plataforma que, segundo os fundadores, é a maior biblioteca de experiências humanas do mundo.
3 cursos de jornalismo móvel
Se você pretende atuar na imprensa como fazem Sophia Galer, Yusuf Omar e outros jornalistas, o primeiro passo é fazer um curso de jornalismo móvel. Existem cursos livres no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e em outras instituições. Confira:
Senac
O curso “Jornalismo mobile: produção de conteúdo informativo multiplataforma” aborda técnicas de apuração, gravação, edição, ética, direitos de imagem e uso de plataformas digitais. É um treinamento presencial, com 36 horas de aulas práticas.
Tech Brasil
Essa escola fornece um curso online intensivo de jornalismo móvel. Tem duração de 1 mês. Nesse período, você aprende gravar e editar narrativas digitais usando seu smartphone. O treinamento transmite, ainda, noções de ética nas redes sociais.
Tizon Academy
O treinamento online “Transmissão mobile pro jornalismo” da Tizon Academy ensina como transmitir notícias ao vivo, com qualidade profissional, a partir do seu smartphone. Aborda equipamentos, procedimentos e plataformas.
- Leia também: Quanto custa fazer reportagem?
Ferramentas de jornalismo mobile
Existem várias ferramentas de jornalismo mobile, e você pode carregar todas em uma mochila. A ferramenta principal é o smartphone. Um estabilizador e um pequeno tripé são desejáveis, mas não imprescindíveis.

Outras ferramentas importantes são os aplicativos. Para praticar o jornalismo móvel, você vai precisar de apps para editar textos, fotos, áudios e vídeos. Também será necessário instalar todos os apps de redes sociais e plataformas de publicação de conteúdo onde pretende veicular suas matérias. Um app de teleprompter também pode ser útil quando for preciso falar diante da tela.
Ah, não podemos esquecer do kit de sobrevivência dos jornalistas, o qual inclui máscara, capacete e colete a prova de balas com a inscrição “Imprensa” ou “Press”. Nunca se sabe quando você precisará estar na linha de frente para cobrir uma manifestação, tiroteio ou tentativas de golpe de estado.
Conclusão
O jornalismo móvel permite que jornalistas façam algo impraticável há 20 anos, que é trabalhar fora da redação 100% do tempo. Afinal de contas, o seu smartphone é a redação. A redação está na palma da sua mão.
Então, você pode sair de casa às 5h, ficar o dia todo na rua, em qualquer rua, qualquer cidade, estado ou país, fazendo reportagens, e voltar para casa às 17h ou 18h sem nunca ter ido a uma sede de veículo de comunicação.
Jornalistas móveis podem apurar pautas, checar, gravar, editar, publicar e distribuir conteúdos com agilidade e autonomia. Sophia Galer e Yusuf Omar, citados neste artigo, são a prova de que é possível alcançar grandes audiências com isso.
Enfim, cursos do Senac, Tech e Tizon oferecem aprendizado instantâneo para quem não quer perder tempo tentando aprender tudo sozinho. Você pode fazer um desses cursos e começar seu blog, canal ou site de jornalismo na semana ou mês que vem.



